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Distúrbios psicológicos causados pelo barulho
O que uma obra, uma boate e um salão de cabeleireiros têm em comum? Se você respondeu o barulho, acertou. Por isso, é bastante importante para todo profissional saber que um salão barulhento pode prejudicar sua saúde e até mesmo causar distúrbios psicológicos, o mais conhecido deles, o estresse.
Assim, mais do que apresentar uma lista de recomendações, este texto serve como orientação para quem ainda não adotou práticas saudáveis ou não sabe como se prevenir dos males de um salão barulhento.
Anteriormente aqui no blog, falamos sobre os malefícios que o excesso de barulho pode causar à saúde dos profissionais. No entanto, a exposição a altos ruídos ocasiona problemas que vão além das complicações físicas.
Então, se você está acostumado(a) a trabalhar diariamente tendo como trilha sonora o ruído do secador misturado a conversas em alto tom, sons de rádio e televisão e, para completar, o barulho da rua, bem como considera que essa rotina é excitante e prazerosa, saiba que, aos poucos, pode estar perdendo qualidade de vida e desenvolvendo algum tipo de distúrbio relacionado ao barulho excessivo.
Distúrbios psicológicos? Temos detalhes sobre o assunto
Você sabia que em São Paulo, a poluição sonora e o estresse auditivo são a terceira maior causa de doenças do trabalho? Dessa forma, os trabalhadores dormem menos do que deveriam, o que causa queda na produtividade e aumento do número de acidentes de trabalho. Consequentemente, os trabalhadores solicitam mais consultas médicas, têm mais faltas no trabalho, assim como problemas de relacionamento social e familiar.
A ativação do sistema nervoso causada pelo estresse faz com que a pessoa se torne mais agressiva, podendo buscar uma “válvula de escape” em drogas como o cigarro, o álcool e outros entorpecentes, o que contribuiu para a ocorrência de doenças graves.
Além do estresse, a exposição diária a barulho excessivo favorece o aparecimento de distúrbios como a fonofobia – medo de ouvir vozes, sons e barulhos altos – ou a misofonia – irritação ou pânico relacionados a determinados sons do cotidiano.
Segundo o psicólogo Rafael Potenza, a irritabilidade é o principal sintoma apresentado por alguém que possui problemas psicológicos em decorrência da exposição ao barulho demasiado. “Ao ser exposto a um ambiente insalubre, o profissional tende a reagir de forma mais agressiva, tem o rendimento prejudicado. Há variações de humor, angústia e até mesmo ansiedade. Caso ele não busque um tratamento, o índice de qualidade de vida irá diminuir e naturalmente isso pode implicar em outros sintomas. Nesse momento, um problema aparentemente simples pode ocasionar diversos outros distúrbios. É importante ressaltar que, muitas vezes, nos acostumamos aos ruídos e barulhos e não temos a percepção exata da causa do estresse, porém, a longo prazo, isso pode realmente trazer prejuízos e ocasionar o abandono do trabalho, entre outras perdas”, explica o psicólogo.
O que fazer quando identificados alguns sintomas
Se o estresse ou outro distúrbio forem identificados como fruto da exposição ao ruído excessivo, o tratamento dos males deve ser voltado também para a prevenção. O profissional deve alertar a empresa sobre a causa do distúrbio, pois as leis trabalhistas brasileiras determinam que toda empresa deve zelar pelo bem-estar do seu funcionário e, se necessário, oferecer materiais para a prevenção de doenças ocupacionais.
Rafael Potenza sugere que, fora da sua rotina de trabalho, o profissional também se afaste o máximo possível de lugares com barulho excessivo. Se for considerado apropriado, um acompanhamento psicológico pode ser realizado para verificar o nível de estresse do profissional, sendo este tratado de acordo com sua individualidade.
Prevenção é fundamental
Trabalhar de 8 a 12 horas diárias exposto a um ruído que, nos salões de beleza, em geral, é de mais de 80 decibéis, certamente, faz com que aumente a chance de ocorrência dos distúrbios já mencionados. Assim, uma das formas de prevenção é utilizar protetores auriculares e escolher equipamentos que emitam o menor ruído possível.
Realizar algumas pausas entre o atendimento de um cliente e outro, permanecendo em um ambiente mais relaxado também é muito importante. O psicólogo Rafael Potenza indica que sejam buscadas técnicas de controle da respiração, as quais podem ajudar a tranquilizar a mente do profissional e minimizar os efeitos do estresse.
É fundamental finalizar destacando que esses cuidados são benéficos para você, profissional cabeleireiro, para quem trabalha no mesmo ambiente que você e também para seus clientes.